Ana Morgado (a Açoriana), mãe da Alma, em lito de Guilherme de Faria
Alma e o Mundo (de Alma Welt)
Minha mãe, uma bela dama antiga,
Me queria de boca bem fechada,
Só cosendo e fiando, comportada,
Sem fazer marolas nem intriga...
Bem... intriga, nunca foi mesmo comigo,
Mas marolas, bah! Era o meu forte!
Tempestades a partir do meu umbigo
E uma vontade de produzir um corte...
Se pudesse minha mãe me proibia
De escrever poesia e de sofrer,
Essa coisa perigosa, pois sombria...
Mas meu anjo disse: "Vai Alma, na vida!
Não és gauche, exercita o savoir-faire,*
O mundo está em ti, que és dividida." *
21/12/2016
Notas
*Mas meu anjo disse: "Vai Alma, na vida!
Não és gauche, exercita o savoir-faire - contraposição ao famoso verso
de Carlos Drummond de Andrade: "Vai, Carlos/ ser gauche na vida..."
*O mundo está em ti, que és dividida - alusão ao próprio significado do nome da Alma, que contém uma dicotomia: "Alma do Mundo."
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