quarta-feira, 31 de maio de 2017

Não verás (de Alma Welt)

"Criança, não verás país nenhum," *
Sem criança é título de um romance
Que no tempo parece nos avance,
Embora não nos faça bem algum.

Na origem era um poema ufanista*
De um famoso poeta parnasiano
Que meu pai leu pra mim no quarto ano
E que eu achei até bem realista.

Lá se foram os sonhos de grandeza
De minha pátria ainda amada, juro,
Hoje em dia mergulhada na baixeza.

Eu me pergunto como tão baixo caiu,
Um país que parecia ter futuro *
Que só um pobre suicida mesmo viu... *

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31/05/2017

Notas

* "Não verás país nenhum" - título de um romance apocaliptico
de autoria do Inacio de Loyola Brandão, publicado nos anos 80.

*Na origem era um poema ufanista -trata-se do soneto "A Pátria", de Olavo Bilac, muito criticado e satirizado hoje em dia pelo seu ufanismo um tanto ridículo. Começa assim: Criança, não verás nenhum país como este/ Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste!

*Um país que parecia ter futuro
Que só um pobre suicida mesmo viu - alusão ao livro "Brasil, País do Futuro", do escritor austríaco Stefan Zweig que exilado de sua pátria se suicidou em Petrópolis junto com sua esposa, durante a II Guerra Mundial .

Notícias do Lodo (de Alma Welt)

"Nossos desejos maiores não se cumprem,
O mundo desmorona à revelia...
O povo se encaminha para o lumpen
E miséria não é fonte de poesia."

"Já não mais nos enganam os canhotos,
Que sabemos suas baixas intenções...
De esperar temos cotovelos rotos
E a fé já abandona os corações."

Um doutor que veio aqui dizia assim,
Com notícias de um famoso mar de lodo
Que ocorre além das terras do sem fim.

Mas vejo que o Diabo não sossega
E pra deixar, quando vier, a Besta cega,
Bem quisera eu cobrir meu Pampa todo...
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31/05/2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

O Jardim dos Desraigados (de Alma Welt)

Voltar ao lar, foi tudo o quanto eu quis.
O lar se foi, não seria mais possível
À pessoa, à poetisa que me fiz,
E o que restou agora é invisível...

Tudo agora é espectral, o casarão,
O jardim da velha Frida, minha avó,
O vinhedo e o lagar em ruína estão,
Quase tudo quanto eu toco vira pó...

O Tempo é o Senhor dos desraigados
E passa como o Huno em seus cavalos
Deixando a terra, os campos, tão salgados

Que até para os capins não há retorno
Com o sabor doce que tinham ao prová-los
Mordendo um talo, deitada, olhando em torno.

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30/05/2017

sábado, 27 de maio de 2017

O Paraíso Perdido (de Alma Welt)

Caiu-me já há tempo o véu dos olhos
E já não posso neste mundo ser feliz;
Derramaram sobre a água feios óleos
Malgrado a transparência em que me quis...

Foi toda a inocência conspurcada
E a feiura reina agora sobre tudo,
A sociedade, outrora una, foi rachada
(alguém me adverte que me iludo):

"Nunca houve unidade"- alguém disse-
"Em que mundo viveste, ó doce Alma?"
E eu, a contragosto, dou-lhe a palma...

É que eu vivi no verdadeiro Paraíso,
Feliz e nua sem que ninguém me visse,
Sem precisar nem pôr no gato um guiso... *

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27/05/2017


Nota
*Sem precisar nem pôr no gato um guiso - alusão à fábula de Esopo, "A Assembléia dos Ratos". Alma quer dizer que ela podia viver inadvertidamente, sem precisar se precaver...

O Amigo Urso (de Alma Welt)

Só consigo pensar pelo soneto,
Que é uma forma de rigor e de pressão,
Já que em filosofia não me meto
Pelo menos em prosa e discussão.

Mas poesia não é tão conceitual,
Embora às vezes nos pareça
Mas tão somente no aspecto formal
Conquanto o nosso sonho prevaleça.

Dito isso, termino o meu discurso
Prometendo só contar estórias
Como aquela do meu amigo urso

Que disse ao meu ouvido, eu deitada,
Fingindo-me de morta, abandonada:
"Teus amigos é que vão cantar vitórias"..

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27/05/2017.

A Matança (de Alma Welt)

O horror neste mundo já me cansa
E não posso assistir sem calafrio
Esse grande cenário de matança
Esse "come-come" a seco e a frio...

A brutal selvageria animalesca
Que os homens imitam com orgulho
Pelo cheiro e o sabor da carne fresca
E no sangue acostumados ao mergulho...

Será mesmo, na verdade, necessário
Penetrarmos nas vísceras da vida
E para os leões sermos um páreo?

No tal Éden não havia crueldade
E a serpente convidou-nos à mordida
De um fruto, não ao resto da maldade...

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27/05/2017

A Entrega (de Alma Welt)

"Não ter real controle sobre a vida
É sempre o que me faz crer no Destino
E assim, por esta lógica, decida
Entregar a minha alma pro Divino."


Assim discorria um douto amigo
A quem no entanto faltava a humildade,
Já que não agradecia o pão e o trigo
E era só condescendência, na verdade...

Pensei: Tens fé na lógica, isto sim,
E leiloas tua alma ao melhor preço
E a entregas só ao portador do Fim,

Que é de Deus aquele arauto muito branco
Mas sinistro e sem verdadeiro apreço
Aos homens a quem vem buscar no tranco.

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27/05/2017

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Sem saída (de Alma Welt)

Tudo escuro, a falsidade nos rodeia,
E não temos o mapa da saída;
A vida já foi bela, agora é feia,
Ou temos nossa certidão vencida.

Persistimos por obra só do acaso,
Pelas possibilidades extensivas.
Há tempos confessamos nosso atraso,
Agora só sobraram as sempre-vivas,

Primas do pó a que estamos destinados
Sem ter visto sequer os verdes prados,
Flores que secam tão só para não morrer...

Os ovos goram enquanto mela o sonho
E só podemos esperar, senão temer, *
Um destino bem pior, senão medonho...

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26/05/2017

Nota
*E só podemos esperar, senão temer - Estará a Alma fazendo um trocadilho? Estará dizendo que sem o Temer, teremos um destino bem pior?

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A Pandora do Soneto (de Alma Welt)

Do soneto Deus me deu dom e os meios,
Isto é, a bagagem e o que dizer,
Pois se não tens assunto, plenos veios,
Não tens a chave com que o leitor prender...

Chave de ouro, sim, grande arremate,
Aquilo mesmo que querias expressar,
De que a primeira quadra é o "start"
E a segunda, arrazoado pra enfeitar.

Mas o primeiro terceto é um resumo
Que fazes pra um melhor entendimento
Do que será apresentado como o sumo.

Então abres de Pandora aquele cofre
Com a chave generosa do momento,
Pois de males libertados não se sofre...

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24/05/2017

terça-feira, 23 de maio de 2017

Tempos difíceis (de Alma Welt)

Nosso barco está fazendo água
E nosso poço está seco como o pó;
Nosso vinho está amargo como mágoa
E nosso farto chimarrão dá pra um só...

Poeira até onde a vista alcança
E a cadeira de balanço está quebrada
Mas de balançar a gente cansa
E o tédio nunca foi de minha alçada.

São tempos difíceis, de propina,
Nossa humanidade cambaleia
Mareada em terra-firme de baleia

Encalhados que estamos sem batel
Em cascalho, enquanto o Mal refina
Seus favoritos e os seus favos de fel...

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23/05/2017

A Terra da Discórdia (de Alma Welt)

Tão somente peço a Deus serenidade
Já que vivo na terra da Discórdia
Onde não há consenso nem verdade,
Onde batemos boca e é uma mixórdia.

Foram-se os tempos de melhor clareza
Ou de sonhos ingênuos de harmonia
Com nossa calma e soberba natureza
De onde brotava a minha poesia...

Mas das trevas saíram os ladravazes
Disfarçados de homens de gravata
Com suas bocas ávidas, vorazes...

E como gafanhotos sobre a vinha
Ou praga que corrompe tudo e mata
Fez-se a escuridão que lhes convinha...

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22/05/2017

domingo, 21 de maio de 2017

Nossa Opereta Bufa (de Alma Welt)

                            Dois esqueletos disputando um enforcado - James Ensor

Nossa Opereta Bufa (de Alma Welt)

Começo a ter vergonha dos meus sonhos
Diante dos sonhos frustrados do meu povo.
Configuram-se-me agora tão bisonhos
E enquanto morrem juntos, me comovo.

Como posso colher flores, fazer verso,
E romântica a perseguir o belo
Manter a sintonia com o universo
Se minha pátria tem governo paralelo?

Respaldo obscuro dos senhores
A quem manipula qual fantoches,
Satã é comediante de deboches...

Somos platéia de uma opereta bufa
De que nem aproveitamos os humores:
Por nossa própria forca "o" caixa rufa...*

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21/05/2017


Nota
*Por nossa própria forca "o" caixa rufa - Pra quem porventura não entendeu o sentido deste verso, eu explico: Por ocasião de um enforcamento os tambores chamados caixa rufavam (eram tocados com batidas rápidas de duas baquetas) até cessarem subitamente com o cair do alçapão que se abria sob os pés dos condenados. Aqui o caixa alude também ao famigerado "caixa 2" de nossos empresários e políticos.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A Nova Arca ( De Alma Welt)

Tanto horror a consciência não abarca
E suspeitamos ser Dilúvio novo.
Necessitamos urgente nova Arca
Que desta vez nos salve, a nós, o povo.

Na terra, iniquidade e vilania
Se expõem diante nós, de ti, de mim,
Aviltando nossa vã cidadania
Impotente ante a marca de Caim.

Venham ondas, tormentas e tornados
Mas que a novo Noé ninguém se arvore
Que já temos suficientes magistrados...

Os extremos já se tocam, relam rentes,
Deus deixou que o Diabo colabore
Nesta arca repleta de serpentes...

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19/05/2017

O silêncio dos mortos (de Alma Welt)

Silenciosos, os mortos nunca gritam,
Nem nos cobram as injúrias e as dores
Do mal que lhes fizemos, nem se irritam,
Quando lhes depositamos belas flores.

Compartilham do sono da Natura
Nos belos tristes hortos em que os temos
Com anjos de metal ou pedra dura,
Silenciosos, compassivos e serenos.

Estas frias lousas planas, muito lisas,
Talvez não sejam senão campos de testes
Onde sem asas os corpos pousaremos.

Somente ao farfalhar sutil das brisas
Nos sinistros galhos negros dos ciprestes
Também nosso silêncio percebemos...

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19/05/2017

quarta-feira, 17 de maio de 2017

O Sonho que produz monstros (de Alma Welt)

                                                "El sueño de razón produces monstruos" - gravura de Goya

O Sonho que produz monstros (de Alma Welt)

Sou parceira da noite e a atravesso
Em acesa vigília noctambúlica
Em busca de um determinado verso
Que redima em mim a coisa pública.

Quer dizer, que faça a vida ter sentido
Numa época de caos e podridão
Em que o senso de beleza foi banido
Pela usura em quatro dedos de uma mão.

Keats disse que a Beleza é a Verdade
Mas a feiura reina impenitente
Seguida por um grande contingente

De fiéis veneradores do grotesco
Ser criado não à luz da divindade
Mas de sonho da razão falso goyesco...

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17/05/2017

A Torre de papel (de Alma Welt)


                                    A Torre de Babel- Pieter Bruegel


A Torre de papel (de Alma Welt)

A nós foi dado o tempo e a liberdade
Para fazer dos dois nosso caminho.
O destino é incerto, na verdade,
E sem rótulo a garrafa deste vinho...

Não sabemos como é o fim da estrada
E, muitos, suspeitamos de um nó
Que desatado não é senão o Nada
Que nos foi prometido como o pó.

É verdade que me destes a Poesia,
Que é o código geral da algaravia
A que nos condenastes em Babel...

Perdoai, Senhor, se ousei construir-me
E entre as controvérsias ficar firme,
Afinal a minha torre é de papel...

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17/05/2017

terça-feira, 9 de maio de 2017

O único conselho (de Alma Welt)

Deus me poupe a tentação de dar conselhos
Pelo perigo de ser falsa conselheira
Apesar daqueles meus pelos vermelhos
Provarem que sou ruiva verdadeira.

Como saber o que é pra ti melhor
Se ainda sequer sei a que estamos,
De onde viemos, para onde vamos
E quem somos numa esfera bem maior?

A vida é trágica, me perdoa relembrá-lo
(bem sei que queres só leveza no viver)
Pois a Morte ainda monta o seu cavalo...

E eu, sendo uma grande pessimista,
Eis tudo o que eu tenho a te dizer:
Viva, até por nada, e não desista...

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09/05/2017

O inquieto coração (de Alma Welt)

A vida sempre tem seus próprios planos,
Presunçoso é quem pensa controlá-la
Já que somos seres fracos, nós, humanos,
Que não temos mais Elísios nem Walhalla.

Não há mais quem afronte os próprios deuses
E os violentos são escravos de um Poder.
O homem independente existe, às vezes,
Mas já não quer mais se deixar ver.

Um espírito reina agora, de rebanho,
E todos querem no todo se encaixar
Para obter no mínimo algum ganho.

Só os poetas ainda escolhem a solidão
Porque, inquietos, não se deixam subornar
Pela atraente e falsa paz do coração...

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09/05/2017

sábado, 6 de maio de 2017

Filosofia poética (de Alma Welt)

Viver é, por si mesmo, ambiguidade
Pois temos o Inferno e o Paraíso
Só a um particular nosso juízo
De um momento fatal de nossa idade.

Se escolheres o Inferno tens o Mundo
Em sua face oculta e miserável
Que te saciará no mais profundo
Do Mal que para ti será amável.

Serás rico, terás honras e comendas,
E nos centros formadores de cabeças
Honoris causa sem que sequer mereças.

Mas se porventura o Bem escolhes,
Teu caminho é um soneto com emendas,
Mas de ouro é a chave que tu colhes...

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06/05/2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Nossa vida Idiota (de Alma Welt)

Estar no mundo, por si é um mistério
Que jamais resolveremos, certamente,
Pois é a essência da Vida, seu critério
Insondável como Deus e Sua mente.

Tanto mais que para nosso desconforto
A vida é, o mais da vezes, idiota
Com a nossa veleidade poliglota
E as Torres de Babel longe do Horto.

Só queríamos voltar ao aprazível
Jardim de nossa Infância preguiçosa
Quando não tinha espinhos nossa rosa

E não tínhamos que tirar cueca e blusa
Para estarmos de novo no indizível
Paraíso de uma fábula inconclusa...

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05/05/2017

Anticlímax (de Alma Welt)

"Estou velho e às vezes me revolta
Esta diária caminhada longa e lenta
Até o supermercado, ida e volta
Carregando sacos de polenta"

"Ou de outra coisa imprescindível
Que a patroa exige e encomenda
E que já não me parece compreensível
Mas que busco para evitar contenda... "

Me dizia um senhor que mora ao lado,
Com um sorriso triste, o senhor Max,
Incapaz de esconder o seu enfado.

E eu fechei a porta, também triste,
Pois vi que a vida acaba num anticlímax,
Eu que sonhava a glória e o seio em riste...

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05/05/2017

quinta-feira, 4 de maio de 2017

O tempo presente (de Alma Welt)

O Tempo que nos cabe é o presente,
Fugidio como peixe ensaboado
Que escapa-nos dos dedos de repente
E ficamos para ele no passado.

Ele deixa-nos pra trás sem mais delongas
Sonhando com o tempo do Afonsinho
De gregárias calendas de milongas
Num qualquer saudoso Bar do Minho.

Onde um luso de bigodes como um muro
Servindo pinga e não água corrente
A nossa boemia fomentava...

E como éramos felizes no presente
Daquele tempo repleto de futuro,
A sonhar com quase tudo que calhava!

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04/05/2017

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Nós, o Povo (de Alma Welt)

Pensamos ter um amparo neste Vale
De lágrimas, com um espantoso coro,
Com ranger de dentes,"male e male",
Confiantes na justiça d'um só moro.

Nada temos, todavia, impotentes
Diante dos poderes dos corruptos,
Arcanjos da Maldade em suas mentes,
Cercados não de "putti", mas de putos. *

Nós, o povo, herdeiros do desastre,
Por fatais erros de voto e julgamento
No Inferno dos Outros como Sartre...*

E de Sísifo vivemos o tal Mito, *
Pois Camus detectou nosso tormento:
Morro acima não o grão mas o granito...


03/05/2017

Notas
*Cercados não de "putti", mas de putos- Em italiano, putti, plural de putto, são aqueles anjinhos bebês , com asinhas, que voam em torno dos Santos, dos arcanjos e da Virgem Maria. Aqui Alma usa o calão "putos" para designar os prostituídos da política.

*No Inferno dos Outros como Sartre - alusão à famosa frase de Sartre na sua peça teatral Entre Quatro Paredes: "O Inferno são os outros... "

*E de Sísifo vivemos o tal Mito- alusão ao mito grego de Sísifo, rei que ao morrer, no reino de Hades foi condenado a carregar eternamente uma grande rocha até o alto de montanha, deixá-la então rolar até em baixo para novamente empurrá-la morro acima, num círculo de eterno tormento. Albert Camus, rival de Sartre analisa esse Mito no seu livro O Mito de Sísifo, como alegoria do destino humano na Terra.

terça-feira, 2 de maio de 2017

A vida do saber (de Alma Welt)

A vida do saber é caminhada
Inexorável em direção à solidão,
Aquela tanto por ti mesma rejeitada
Quando buscavas turma e compreensão.

"Mas então, qual a vantagem?"- me perguntas.
"Não devíamos formar um ou nos unir?
Formar a grande lama com que juntas
Os tijolos da alta torre do Devir?"

Não, amigo... alma sim, nada de lama.
A individualidade mais suprema
Que será julgada na hora extrema.

Ainda buscas teus amigos de outra hora?
Eles liam o teu livro pela rama
Enquanto caminhavas para a Aurora!

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02/05/2017

O resumo (de Alma Welt)

"Teu sótão atravancado de promessas,
Sonhos de interesse momentâneo,
Coisas de que não mais te interessas,
Varra ou jogue fora do teu cranio"

Meu pai disse entre seus mais de mil livros
Aos quais o seu apego eu herdaria,
Já que, segundo ele, estavam vivos
E continham o Mundo e sua Poesia...

Mas um dia, sentindo-me oprimida
Por outros mil volumes (quem me dera
ter chegado à metade dessa lida)...

Perguntei: "Qual dentre eles nos resolve,
Os outros todos resume ou exonera?
Disse meu pai: "Os Irmãos Karamazov".
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02/05/2017