segunda-feira, 10 de março de 2014

O Embalo das Horas (de Alma Welt)


Foi-se a manhã da juventude, docemente,
Como o próprio dia, bem mais tarde
Dá seu lugar ao nostálgico poente
Que vem adormecer como quem arde...

Assim foi minha vida, nesse embalo,
De precário equilíbrio na balança,
E com as horas escoando pelo ralo
Das promessas vazias da esperança.

Sonhei, foi o que fiz e o quanto pude,
E agora mesmo só existo no papel
Ou tenho no soneto a completude.

Mas se há algo nisso de fracasso,
Também tem um pouco deste céu
Que insistiu em dar-me o seu compasso...

domingo, 9 de março de 2014

Os risos (de Alma Welt)


                                               Pintura de William Hogarth

Os risos (de Alma Welt)


Ainda ouço os risos dos amigos
Que alegravam este velho casarão,

Soando agora quais ecos antigos
Que se perdem em meio à escuridão.

Revérberos de horas tão distantes,
Esmaecidos o seu brilho e nitidez,
Ficaram para sempre no que é antes
Qual se fora uma eterna gravidez.

Nada se cumpriu, nem a metade,
Como todos nos frustramos mais ou menos,
E os risos são a única verdade...

Neles é que estávamos presentes
E tudo era irrisório ou de somenos,
Mas como eram bonitos nossos dentes!...