sábado, 26 de maio de 2012

O Rei dos Elfos (de Alma Welt



A Charrete na Ventania - do mestre José Antonio da Silva, 1967


O Rei dos Elfos (de Alma Welt)

A charrete aos trancos balançava
Enquanto o vento mais zunia,
E eu no Galdério me agarrava
E mesmo sem a Deus pedia:

“Senhor, fazei com que cheguemos,
Se um raio nos pega estamos fritos!
Rei Mino libertou os sete demos
Que somente nos querem ver aflitos!”

E de repente no meio da tormenta
Me lembrei daquele rei dos Elfos
Que a criança ainda me atormenta.

Mas mesmo com a mente em tempestade,
Confundindo gibelinos com os guelfos,
Cheguei e salva à minha herdade....

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Notas

*Rei Mino libertou os sete demos -Alma chamava o Minuano, vento que ela temia, de Rei Mino. Quanto aos sete demos presumo, que é uma alusão aos sete pecados capitais.

*Me lembrei daquele rei dos Elfos - Alma certamente alude ao poema O Rei dos Elfos, de Goethe, que foi musicado como um magnífico "lied" por Franz Schubert.

*Confundindo gibelinos com os guelfos- Alma se refere aos dois partidos políticos que dividiram a Europa desde o século XI até o século XIII, numa disputa sangrenta ente os partidários do Sacro-Império Romano- Germânico (os gibelinos) e os partidários do Papa (os guelfos). Ela quer dizer, dessa maneira insólita e original, que mesmo confusa, apavorada, com a tempestade na mente, ela chegou à sua estância, e salva.
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anos atrás publiquei esta variante do tema aqui no face:

A Charrete na Ventania (de Alma Welt)

Depressa, Galdério, com a charrete!
Faça a égua correr, mas sem chicote.
Sei que podes conseguir, a ti compete,
Use de persuasão... e que ela trote!

Bá! Velho Mino, tu me assustas!
E temo que invadindo teu espaço
Nos percamos assim nas tuas volutas
Ou nos enrolemos no teu laço.

Contigo não disputo, tu me gelas!
Vai, Miranda, bota sebo nas canelas
Ou esta noite não verei meu casarão

Com a lareira a crepitar em nossa sala,
Uma ceia à doce luz do lampião
E vinho vindo da adega na senzala...

(sem data)

Notas
Velho Mino- era como a Alma chamava o vento minuano, que ela temia e venerava.

*...vindo da adega na senzala- No seu romance A Herança, Alma conta como descobriu uma safra inteira de 1.000 garrafas de um vinho magnífico, a verdadeira herança de nossos avós, escondida numa adega por nós desconhecida, debaixo do casarão e que fora uma antiga senzala.



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