E me vejo em labirintos sem respostas
Prevendo o Minotauro pelo esterco
Quer dizer, francamente: pelas bostas...
Báh! Psique de poeta em quarentena
Frágil como se cortado o esperto fio *
Como a doce Ariadne, tão serena,
Abandonada no leito já vazio. *
Esperando a Alegria que vier *
Nem que seja com os truques do improviso
Para aquele vão consolo que se quer, *
Na Naxos sem nexo em que me encontro
Meu herói de mim partiu sem dar aviso, *
E ele mesmo era meu temido monstro...
.
05/08/2020
Notas
*Frágil como se cortado o esperto fio -
referencia ao truque do fio de Ariadne princesa filha do rei MInos, que atando a ponta do novelo na cintura do herói ateniense Teseu, por quem se apaixonou, pode este entrar até o centro do Labirinto de Creta e matar o Minotauro, livrando assim Atenas do tributo anual a Creta dos catorze jovens (sete moças e sete rapazes virgens) para serem entregues ao monstro para serem devorados. Esse tributo era cobrado pelo rei Minos de Creta a Atenas porque seu filho, grande atleta, tendo vencido a Olimpíada causara inveja aos atletas atenienses que o assassinaram. O rei Minos para se vingar, então declarou guerra a Atenas e tendo vencido, para não destruí-la cobrava esse cruel tributo anual havia décadas. Até que o príncipe Teseu filho do rei Egeu, de Atenas, se dispôs a ir com a nova remessa de jovens ateniense afim de tentar matar o monstro de Creta e libertar seu povo daquele tributo.
*Abandonada no leito já vazio -
Após Teseu ter matado o Minotauro e conseguido dair do labirinto graças ao estratagena do fio de Ariadne, eles fugiram juntos de Creta e no caminha aportaram na Ila de Naxos uma Ilha anódina onde nada acontecia. Ali Teseu teve afinal tempo de possuir Aradne engravidando-a. No dia seguinte, despertando, Teseu reuniu seus homens e partiu. Quando já estava em alto mar percebeu que esquecera de Ariadne que deixara dormindo (!!!). Quis voltar mas as velas da naus gregas tinham velas quadradas e só se deslocavam a favor do vento, e portanto não podendo voltar abandonou Ariadne em Naxos e prosseguiu de volta para Atenas. Com esse percalço se esqueceu de trocar a vela negra da nave por branca como combinado com seu se pai se saísse vencedor. O rei Egeu que ficava no alto do promontório olhando o mar esperando por seu filho, avistou ao longe a vela negra e pensando seu filho morto atirou-se ao mar, que então recebeu o seu nome: Mar Egeu.
*Esperando a Alegria que vier -
O verso faz alusão à vinda de Dioniso, o deus do vinho, do riso e da alegria, que peregrinando à toa chegou na Ilha de Naxos e não sendo muito chegado em mulheres tinha inventado um falo de madeira, depois chamado de "consolo" com que possuiu a Ariadne (para deixá-a mais alegrinha?) ou o foi o contrário que aconteceu e foi a Ariadne que o possuiu?
Por incrível que pareça os gregos puseram mesmo tais coisas no Mito original, o que fez com que os psicólogos da Mito-análise junguiana no século XX, se empenhassem em analisar os conteúdos psico-sexuais desses estranhos detalhes (!!!)
Quanto ao soneto da Alma Welt, percebe-se que ela incorporou o Mito do Labirinto, do Minotauro e do Herói interno atrapalhado e esquivo, como forma de expressar com certo humor os seus próprios conflitos de um momento de quarentena interiorizada.
(Guilherme de Faria)
Nem que seja com os truques do improviso
Para aquele vão consolo que se quer, *
Na Naxos sem nexo em que me encontro
Meu herói de mim partiu sem dar aviso, *
E ele mesmo era meu temido monstro...
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05/08/2020
Notas
*Frágil como se cortado o esperto fio -
referencia ao truque do fio de Ariadne princesa filha do rei MInos, que atando a ponta do novelo na cintura do herói ateniense Teseu, por quem se apaixonou, pode este entrar até o centro do Labirinto de Creta e matar o Minotauro, livrando assim Atenas do tributo anual a Creta dos catorze jovens (sete moças e sete rapazes virgens) para serem entregues ao monstro para serem devorados. Esse tributo era cobrado pelo rei Minos de Creta a Atenas porque seu filho, grande atleta, tendo vencido a Olimpíada causara inveja aos atletas atenienses que o assassinaram. O rei Minos para se vingar, então declarou guerra a Atenas e tendo vencido, para não destruí-la cobrava esse cruel tributo anual havia décadas. Até que o príncipe Teseu filho do rei Egeu, de Atenas, se dispôs a ir com a nova remessa de jovens ateniense afim de tentar matar o monstro de Creta e libertar seu povo daquele tributo.
*Abandonada no leito já vazio -
Após Teseu ter matado o Minotauro e conseguido dair do labirinto graças ao estratagena do fio de Ariadne, eles fugiram juntos de Creta e no caminha aportaram na Ila de Naxos uma Ilha anódina onde nada acontecia. Ali Teseu teve afinal tempo de possuir Aradne engravidando-a. No dia seguinte, despertando, Teseu reuniu seus homens e partiu. Quando já estava em alto mar percebeu que esquecera de Ariadne que deixara dormindo (!!!). Quis voltar mas as velas da naus gregas tinham velas quadradas e só se deslocavam a favor do vento, e portanto não podendo voltar abandonou Ariadne em Naxos e prosseguiu de volta para Atenas. Com esse percalço se esqueceu de trocar a vela negra da nave por branca como combinado com seu se pai se saísse vencedor. O rei Egeu que ficava no alto do promontório olhando o mar esperando por seu filho, avistou ao longe a vela negra e pensando seu filho morto atirou-se ao mar, que então recebeu o seu nome: Mar Egeu.
*Esperando a Alegria que vier -
O verso faz alusão à vinda de Dioniso, o deus do vinho, do riso e da alegria, que peregrinando à toa chegou na Ilha de Naxos e não sendo muito chegado em mulheres tinha inventado um falo de madeira, depois chamado de "consolo" com que possuiu a Ariadne (para deixá-a mais alegrinha?) ou o foi o contrário que aconteceu e foi a Ariadne que o possuiu?
Por incrível que pareça os gregos puseram mesmo tais coisas no Mito original, o que fez com que os psicólogos da Mito-análise junguiana no século XX, se empenhassem em analisar os conteúdos psico-sexuais desses estranhos detalhes (!!!)
Quanto ao soneto da Alma Welt, percebe-se que ela incorporou o Mito do Labirinto, do Minotauro e do Herói interno atrapalhado e esquivo, como forma de expressar com certo humor os seus próprios conflitos de um momento de quarentena interiorizada.
(Guilherme de Faria)
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