domingo, 30 de agosto de 2020

A Louca do Soneto (de Alma Welt)

Meu amor pelo soneto é insuspeito
Pois meus leitores a cada dia somem,
Quero dizer: o quorum é rarefeito,
Catorze versos é demais, e eles dormem.

Então por que os escreve, Alma louca?
E eu respondo que é pura vocação:
Os de Shakespeare uma centena são,
E os trezentos de Camões é coisa pouca.

Petrarca, Dante, Rilke, até Vinicius,
Este mais chegado em outros vícios
Continua eterno enquanto dura...

Mas eu, que já os conto em cinco mil,
O faço só para manter a alma pura,
Que a vela queima enquanto houver pavio...
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30/08/2020

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