Orfeu e as feras - (afresco)
Orfeu a pau * (de Alma Welt)
Confesso, estou mais pro desespero,
Colocadas as coisas na balança.
As conquistas, do fracasso têm o cheiro
E Orfeu só esta fera não amansa.
A Poesia já mal serve de consolo
E nada desvela esse mistério,
O infinito bater desse monjolo
Sem nada no pilão, o solo estéril.
Deveria eu então ter tido filhos?
Estavam certas a Mutti e a Matilde?
Muito cedo descarrilei dos trilhos...
É tarde, só me resta ir em frente,
Pro céu eu vou a pau ou pouco humilde,
A Poesia é um céu indiferente...
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Nota
* Orfeu a pau - interessante duplo sentido, uma vez que segundo a lenda Orfeu foi morto a pauladas pelas mulheres da Lídia.
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