terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Teogonia (de Alma Welt)

Penso em Deus em tudo que admiro
Quê digo? Em qualquer coisa mesmo!
E com isso ao Infinito me refiro
Quando vejo o pó no ar dançando a esmo.

Eis a alma: Psiqué!- dizia o grego,
Quando à contraluz via essa dança,
Pois de um fio de pó no ar (ó desapego)
Se retorna não sabemos, ou se avança.

Não há chegada, e logo, nem adeuses...
E por isso, essa intuição do arquétipo
Antes mesmo da criação dos deuses.

Alma sou, e se me olhas com ar cético,
E se sou mais que criação talvez duvides,
Vê: comigo em ti o ar e a luz divides....
.
11/01/2022

Nota
* Teogonia - O nascimento dos deuses a partir de arquétipos (princípios primordiais: sem começo nem fim). A Alma Welt aqui se revela uma órfica, adepta das teogonias gregas, na verdade uma "órfico- pitagórica", como aliás, no fundo (e tardiamente) o próprio Platão (vide o seu Mito de Er, com a descrição do Fuso de Ananque, no diálogo A República).

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