quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

De volta ao vento (de Alma Welt)

                          Alma e o vento - o/s/t de Guilherme de Faria, 2022, 40x40cm


De volta ao vento (de Alma Welt)

Por um tempo em Babilônia residi, *
Na Avenida me misturei ao povo; *
Flertei com a flor do lumpen, me perdi, *
Então sonhava voltar pro lar de novo.

Flor atônita, desraigada, em pleno ar,
Minha corola rubra mais ardia
Em protesto contra minha covardia
Pela ânsia de fugir e de voltar.

Para o ar então joguei a veleidade
De ser mais cosmopolita e de mamar
No seio farto e disputado da cidade.

E voltei para estes páramos perdidos
Onde o vento uiva só pra me lembrar
Que o minuano e eu somos unidos...
.
20/01/2022

Notas
*....em Babilônia residi- Alma se refere ao tempo de seu autoexílio em São Paulo, por motivo de desgosto pela morte de seu pai.

*Na Avenida me misturei ao povo- Alma se refere à Avenida Paulista.
 
*Flertei com a flor do lumpen, me perdi - Alma alude ao caso que teve com um belo travesti de nome (de guerra) Lea Leandro, que ela conheceu na Avenida Paulista, e levou para seu apartamento nos Jardins, caso este que ela revelou num belo e dramático conto longo (de duas partes).

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