Foto de Jaroslaw Datta
Soneto da Morte Anunciada (de Alma Welt)
Menos vida tenho fora dela
Mas não me vejo a contemplar o dia
Como tímida guria na janela.
A vida é meu poema e estou nele
Como o duplo de mim em outro plano
Mesmo que assim minha sina sele
E talvez mesmo nem passe deste ano...
Pois já sou uma morte anunciada,
Que não diria um arremate inglório
Já que a Moira visitou-me na calada
E em Visão revelou-me o meu fim
E a trágica nudez do meu velório
Inusitado e tão digno de mim...
_______________________________
Eis o soneto "Visão" a que a Alma se refere no último
terceto do soneto acima e que descreve o seu inusitado velório nu:
Visão (de Alma Welt)
Ser a musa eternizada do meu pampa!
Cantar, celebrar e endoidecer
De tanto amar até saltar a tampa
Do coração e da mente, e então morrer!
Nua, estranhamente, sobre a mesa
Estendida me vejo, uma manhã:
Um desfile silencioso me corteja
De peões, peonas e algum fã.
Mas olho o meu corpo de alabastro,
Absurdo e belo ali, e não à toa
Eu noto algo nele que destoa:
Sobre a alvura do pescoço bailarino
Uma faixa vermelha como um rastro
Da corda que selou o meu destino...
03/01/2007
Nota
Dezessete dias depois deste soneto a Alma morreria, no dia 20 de Janeiro de 2007. O seu último soneto , datado de 19/03/2007, portanto na véspera de sua morte, é o famoso "A Carruagem", que o meu amigo João Roquer musicou lindamente e que constará do CD que estamos gravando...
Vejam ainda ete soneto em que a alma se refere ao seu velório nu, que ela anteviu:
Desabafo (de Alma Welt)
Eu queria não gostar tanto da vida
Pra não sofrer o fardo de morrer
E dar vexame na hora da partida
Coisa que já nem posso esconder,
Pois vivo assombrada por sinais,
Sobretudo antevisões do meu velório
Inusitadamente nu, branca e em paz
Entre as peonas e seu pranto simplório.
Tenho mesmo imensa pena de deixar
Este pampa amado e o casarão
Com tantas lembranças pra levar...
E confesso que queria a eternidade
Nem que fosse como espectro chorão
Vagando para sempre minha saudade...
Como tímida guria na janela.
A vida é meu poema e estou nele
Como o duplo de mim em outro plano
Mesmo que assim minha sina sele
E talvez mesmo nem passe deste ano...
Pois já sou uma morte anunciada,
Que não diria um arremate inglório
Já que a Moira visitou-me na calada
E em Visão revelou-me o meu fim
E a trágica nudez do meu velório
Inusitado e tão digno de mim...
_______________________________
Eis o soneto "Visão" a que a Alma se refere no último
terceto do soneto acima e que descreve o seu inusitado velório nu:
Visão (de Alma Welt)
Ser a musa eternizada do meu pampa!
Cantar, celebrar e endoidecer
De tanto amar até saltar a tampa
Do coração e da mente, e então morrer!
Nua, estranhamente, sobre a mesa
Estendida me vejo, uma manhã:
Um desfile silencioso me corteja
De peões, peonas e algum fã.
Mas olho o meu corpo de alabastro,
Absurdo e belo ali, e não à toa
Eu noto algo nele que destoa:
Sobre a alvura do pescoço bailarino
Uma faixa vermelha como um rastro
Da corda que selou o meu destino...
03/01/2007
Nota
Dezessete dias depois deste soneto a Alma morreria, no dia 20 de Janeiro de 2007. O seu último soneto , datado de 19/03/2007, portanto na véspera de sua morte, é o famoso "A Carruagem", que o meu amigo João Roquer musicou lindamente e que constará do CD que estamos gravando...
Vejam ainda ete soneto em que a alma se refere ao seu velório nu, que ela anteviu:
Desabafo (de Alma Welt)
Eu queria não gostar tanto da vida
Pra não sofrer o fardo de morrer
E dar vexame na hora da partida
Coisa que já nem posso esconder,
Pois vivo assombrada por sinais,
Sobretudo antevisões do meu velório
Inusitadamente nu, branca e em paz
Entre as peonas e seu pranto simplório.
Tenho mesmo imensa pena de deixar
Este pampa amado e o casarão
Com tantas lembranças pra levar...
E confesso que queria a eternidade
Nem que fosse como espectro chorão
Vagando para sempre minha saudade...
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