Litografia de Guilherme de Faria, anos 90
Não, não repartimos nossas dores,
Que cantadas viram sonho ou festa,
E eis a nossa sina de cantores,
Que a beleza é só o que nos resta.
Como amam o nosso sofrimento!
Como amamos os seus também cantar!
A dor alheia nos sacia em detrimento
Do que ao outro puder vir a custar.
Assim nada se perde ou desperdiça,
Que a vida sabe sempre aproveitar
Nem que seja em forma de carniça.
Pois pra isso serve o sofrimento,
Não pra junto com o sofrido lamentar:
Mas fruir o que é vida em seu lamento...
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