terça-feira, 13 de junho de 2017

Alma e o Lobo-Guará (de Alma Welt)

                                      Alma e o Lobo - óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 2006, 150x150cm 

Alma e o Lobo-Guará (de Alma Welt)

Entre tantos caminhos que se abriam
Escolhi pelo jeito o mais ameno,
Aquele em que até os cães se fiam
E o capim pro meu cavalo, puro feno...

Entretanto, a poesia é uma armadilha
Cruel, terrível, de pegar lobo-guará,
Que os malvados armam na coxilha
Para quem anda por aí ao Deus dará.

Bah! Que engano ledo é o mar de flores,
Antes ficasse co'a avó em seu jardim,
O que me evitaria tantas dores...

Mesmo assim andei nua pela vida
E fui lobo e caçador, ambos de mim, *
Quase só por mim mesma enaltecida...*

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13/06/2017

Notas
*E fui lobo e caçador, ambos de mim - uma alusão ao verso "Eu, caçador de mim... ", da canção famosa de Milton Nascimento.

*Quase só por mim mesma enaltecida - a chave de ouro deste soneto é ilustrada com precisão na minha pintura "Alma e o Lobo", pelo gesto de mão para o alto da poetisa nua...

(Guilherme de Faria)

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