Este espaço é destinado às diversas séries de sonetos da poetisa gaúcha Alma Welt, que, mais genéricas, não se enquadrem nos outros blogs da poetisa, de séries mais específicas, como os eróticos, os metafísicos, etc. (vide lista de seus blogs)
sábado, 21 de abril de 2012
Após o Dilúvio - óleo s/ tela de Guilherme de Faria 1999
Após o Dilúvio (de Alma Welt)
A tal Arca afinal pousou no monte.
A do velho patriarca, que não minha.
A da Alma onde está talvez eu conte, *
Com os dois mil sonetos que continha.
Foi-se o corvo e não volta nunca mais. *
Está pousado em Pallas, no seu busto. *
Somente a branca pomba trouxe a paz
Com o raminho verde de um arbusto.
Mas não digo que depois de mim Dilúvio,*
Já que ainda eu nem fui publicada
E já sinto da vaidade o vago eflúvio.
Bem triste a nossa sina de poetas:
Corvos pródigos em nossa revoada,
Pensando que as palavras eram setas!... *
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Notas
* A da Alma onde está talvez eu conte - A famosa Arca da Alma, com seus mais de dois mil sonetos (além de numerosos textos em prosa, contos crônicas romances e Haikais e pensamentos), verdadeiro tesouro , foi descoberta por sua irmã Lucia, após a morte da poetisa, no sótão do casarão pampiano.
*Foi-se o corvo e não volta nunca mais- alusão ao o corvo do poema famoso de Edgar Alan Poe, que repetia : Nevermore (Nunca mais).
*Está pousado em Pallas, no seu busto - O corvo no início do poema de Poe revoa na sala e pousa num busto de Pallas Athena. (vide The Raven, de Edgar Alan Poe).
* Mas não digo que depois de mim Dilúvio - Alusão às palavras famosas de Louis XV: "Après moi, le Déluge" (Depois de mim, o Dilúvio)
*Pensando que as palavras eram setas!. - Alusão ao famoso poema de Henry Wadsworth Longfellow 1807-1882
" The Arrow and the Song" ( A Seta e a Canção)
I shot an arrow into the air,
It fell to earth, I knew not where;
For, so swiftly it flew, the sight
Could not follow it in its flight.
I breathed a song into the air,
It fell to earth, I knew not where;
For who has sight so keen and strong,
That it can follow the flight of song?
Long, long afterward, in an oak
I found the arrow, still unbroke;
And the song, from beginning to end,
I found again in the heart of a friend.
(Eu atirei uma seta no ar/ ela caiu na terra, eu não soube onde ...
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