quinta-feira, 30 de julho de 2020

The last time I saw Paris (by Alma Welt)

(Versão livre para o inglês, mas com rimas, do soneto da Alma Welt "A última vez que vi Paris" (veja postagem anterior)
* A última vez que vi Paris - este título é evidentemente uma citação do título do filme The last time I saw Paris de Hollywood de 1954 passado em Paris, com Elizabeth Taylor e Van Johnson. O filme não é muto bom apesar de ser baseado num conto de Francis Scott Fitzgerald, "Babylon Revisited", mas o título sugestivo inspirou a Alma para criar este soneto, em que ela manifesta a sua paixão histórica e literária pela cidade de Paris, e jamais turística..

The last time I saw Paris (by Alma Welt)

The last time I saw Paris, I remember,
The hunchback took the great bell like a boat;
Of the miraculous courtyard I was a member
And the gypsy's partner was a goat.


Suddenly, I saw a king without a wig
Not in a carriage, but almost on a trek
And he was not going to the farm like a pig
But for caresses on the back of his neck.

Carrying torn remains of a young man
I soon saw Valjean, in the sewers of bathtubs
Saving youth narrowly since then

After these leaps of a few centuries,
Rimbaud was already writing in pubs
That was indeed the last time I saw Paris ..
.
30/07/2020

(O soneto original):

*A última vez que vi Paris (de Alma Welt)

A última vez que vi Paris, me lembro,
O corcunda cavalgava o grande sino;
Do Pátio milagroso eu era membro
E o parceiro da cigana era um caprino.

De repente vi um rei já sem peruca
Não de carruagem, mas carroça,
E não estava indo para a roça
Mas para um cafuné na sua nuca.

Mas logo vi o Valjean, pelos esgotos
Carregando despojos meio rotos,
Salvando a juventude por um triz.

Depois desses saltos de alguns séculos,
Rimbaud já escrevia nos botecos,
Essa sim, última vez que vi Paris...
.
30/07/2020

Notas
*A última vez que vi Paris - este título é evidentemente uma citação do título do filme "The last time I saw Paris", de Hollywood, de 1954, passado em Paris, com Elizabeth Taylor e Van Johnson. O filme não é muito bom apesar de ser baseado num conto de Francis Scott Fitzgerald, "Babylon Revisited", mas o título sugestivo inspirou a Alma para criar este soneto, em que ela manifesta a sua paixão histórica e literária pela cidade de Paris, e jamais turística.

*O corcunda cavalgava o grande sino - Quasímodo, o Corcunda de Notre Dame, do grande romance Notre Dame de Paris, de Victor Hugo, costumava montar euforicamente no grande sino da torre da Catedral fazendo-o badalar, o que lhe causara a surdez permanente.
*Do Pátio milagroso eu era membro- Alma se rfere ao "Pátio dos Milagres, grande salão subterrâneo que havia debaixo da praça em frente à Catedral de Notre Dame, no romance de Victor Hugo, e onde de noite em grandes farras e bebedeiras presididas pelo rei dos mendigos, os "cegos" enxergavam, os "paralíticos andavam", e os ladrões cobriam de moedas as prostitutas que dançavam para todos os "milagrados" rrrrsssss...

*E o parceiro da cigana era um caprino- no romance a bela cigana Esmeralda dançava na praça em frente à catedral, com sua cabrinha, ao som de um pandeiro que ela tocava, encantando a multidão e fazendo o corcunda que a observava lá de cima nos parapeitos entre as gárgulas de pedra, se apaixonar por ela, o que também aconteceu com o hipócrita e cobiçoso pároco, motivando a tragédia...
*De repente vi um rei já sem peruca - num salto de séculos Alma vê, Na Revolução Francesa (1789) o rei Luiz XVI, sem a peruca sendo levado numa carroça *"para um cafuné na sua nuca", isto é, para ser guilhotinado em praça pública.

*Mas logo vi o Valjean, pelos esgotos - Alma se refere à cena do Jean Valjean carregando nas costas pelos esgotos de Paris, o ferido pelos soldados nas barricadas dos revolucionários, e desacordado, o jovem namorado de sua filha Cosette, no grande romance Les Misèrables.
 
*Depois desses saltos de alguns séculos,
Rimbaud já escrevia nos botecos-
No sonho ou visão da Alma, à partir das imagens iniciais na Idade Média Francesa, a poetisa termina em meados do século XIX nas mesas boêmias dos Cafés de Paris, vendo o poeta Rimbaud escrevendo seus versos imortais...


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