sexta-feira, 17 de junho de 2016

De mares e memórias (de Alma Welt)

                                                     Litografia de Guilherme de Faria

De mares e memórias (de Alma Welt)

Quê imensa aventura é o viver,
Pois simplesmente me sentir e estar viva
Me faz antigos oceanos percorrer,
Ou em mares de memórias à deriva...

As vetustas travessias experimento
Já que sinto aquele impulso da corrente
Que vem dar em mim, com ou sem vento,
E Odisseu, por certo, é meu parente...

Então nada do que foi me é estranho,
E conheço aquelas naus e fortalezas,
Assim também as tais "neves de antanho"...

Por isso sofro as graves agonias
Daquelas damas e suas incertezas,
E, mais raros, seus amores e alegrias...

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17/06/2016



Nota
* as tais "neves de antanho" - alusão ao célebre verso interrogativo do poeta medieval francês François Villon: "Où sont les neiges d'antan?" (Onde estão as neves de antanho?) do poema "Balada das damas dos tempos idos", em que o poeta cita nostalgicamente grandes personagens femininas da História, inclusive Joana D'Arc.

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