Jacó engana seu pai cego - Rembrandt
O Divino Engodo (de Alma Welt)
A vida ama o engodo, estou convicta:
Pela benção do Pai, as peles quentes; *
A primogenitura nossa, invicta
Só trocando as lentilhas pelas lentes. *
Na natura um perpétuo come-come,
O mais esperto comendo o toleirão;
E isso é imoral, malgrado a fome
Que suplanta a justiça e a razão.
Como toleras, Senhor, tal maroteira?
Fazes sempre, me parece, vista grossa...
Então a Justiça é a ratoeira?
Senhor, são insondáveis teus critérios
E a única opção ainda nossa:
Entre as cinzas e o pó dos cemitérios...
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Notas
O Divino Engodo (de Alma Welt)
A vida ama o engodo, estou convicta:
Pela benção do Pai, as peles quentes; *
A primogenitura nossa, invicta
Só trocando as lentilhas pelas lentes. *
Na natura um perpétuo come-come,
O mais esperto comendo o toleirão;
E isso é imoral, malgrado a fome
Que suplanta a justiça e a razão.
Como toleras, Senhor, tal maroteira?
Fazes sempre, me parece, vista grossa...
Então a Justiça é a ratoeira?
Senhor, são insondáveis teus critérios
E a única opção ainda nossa:
Entre as cinzas e o pó dos cemitérios...
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Notas
* Pela benção do pai as peles quentes - alusão ao episódio bíblico em que Jacó engana seu pai Isac com a juda de sua mãe Raquel, usando uma pele de ovelha nas costas para obter a benção de seu pai que só a daria ao primogênito, o peludo Esaú.
*Só trocando as lentilhas pelas lentes - Alma alude ao episódio da troca do direito de primogenitura por Esaú por um prato de lentilhas (que significa pequenas lentes). Outra maroteira do Jacó contra seu irmão mais velho. O verso da Alma insinua que Esaú não o faria se tivesse uma visão maior (uma lente) e não a imediatista da fome ou da gula que produz uma visão pequena (lentilha, pequena lente)...
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