terça-feira, 6 de março de 2012

As intrigantes (ou A Calúnia) (de Alma Welt)


A Intriga ou A Calúnia - tela de Guilherme de Faria ("fase baconiana"), 100x150cm, coleção particular, Brasília, DF


As intrigantes (ou A Calúnia) (de Alma Welt)


Havia em nossa rua em Hamburgo Novo
Três comadres solteironas transtornadas
Que tricotavam intrigas nas calçadas
Das faltas e inocências desse povo.

Meu Vati, que as via como harpías
Disse, um dia, a mim, que era guria:
"Sei minha filha que jamais isto serias
Mesmo, creio, que ficasses pra titia..."

"Esse nobre coração, sei bem tens isso,
Da tua inteligência companheiro,
Te deixará bem longe desse vício."

"Pois sabes que a calúnia é feia brisa
Como diz aquela ária do Barbeiro
Que ouviste no meu colo como frisa..."


Nota

O pai da Alma, que ela chamava de "Vati" (papai em alemão, pr. Fáti - de Vater, pai, pr. Fáter) era um músico amador mas excelente pianista e cantor erudito, barítono, e conhecedor profundo de Ópera. A ária do Barbeiro de Sevilha, de Rossini a que ele se refere e que ele cantou para a Alma no seu colo, é a famosa Ária da Calúnia ("la calumnia è un venticello"...a calúnia é uma brisa) na verdade uma ária para "baixo", mas que ele, barítono, cantava muito bem.

Nenhum comentário: