Este espaço é destinado às diversas séries de sonetos da poetisa gaúcha Alma Welt, que, mais genéricas, não se enquadrem nos outros blogs da poetisa, de séries mais específicas, como os eróticos, os metafísicos, etc. (vide lista de seus blogs)
sábado, 8 de outubro de 2011
Lembranças do Jardim Paterno (de Alma Welt )
Lembranças do Jardim Paterno (de Alma Welt )
"Sul paterno giardinno scintillanti..." * ("Le Ricordanze", dos "CANTI" de Giacomo Leopardi)
O meu jardim paterno, cintilante
De fadas pirilampos e memórias
Volta à minha mente a todo instante
Nestes tempos de exílio e de histórias
Que passo a contar às minhas vizinhas
De apartamentos outros neste prédio
De vivências talvez mais comezinhas
Ou porque não têm outro remédio
Senão ouvir a gaúcha em nostalgia
A contar-lhes de coxilhas e lonjuras
Onde o vento corre e não desvia...
Mas por incrédulos sorrisos hesitantes
Eu, triste, lhes percebo as conjecturas
Que lhes negam minhas luzes cintilantes...
15/06/2001
Nota
* scintillanti- "cintilantes (no plural) referente às estrelas e não ao jardim, no poema de Leopardi que começa com o famoso verso "Vaghe stelle dell'Orsa, yo non credeva), que Luchino Visconti adotou como título de um seu maravilhoso filme em preto e branco dos anos 60, com Claudia Cardinale no seu momento de maior esplendor : Vagas Estrelas da Ursa.
Mais um soneto inédito descoberto hoje (!!) na Arca da Alma, e que pela data se refere ao tempo em que a Alma morou nos Jardins, no seu "auto-exílio" (como ela dizia) paulistano, na rua Oscar Freire, onde tinha seu ateliê e onde o pintor Guilherme de Faria a descobriu e lançou para o mundo (lucia Welt)
Náufraga (de Alma Welt)
Náufraga (de Alma Welt)
Quando guria li sobre Nemrod,
Poderoso caçador diante de Deus...
Que ingênua eu era, vê se pode:
Logo eu pensava em pai e irmão meus
Que a mim me pareciam soberanos,
Meu pai com seu piano na coxilha
E Rodo, jogador, com seus arcanos,
Eu, princesa prisioneira numa ilha
De onde enviava minhas mensagens
Como bilhetes de náufraga perdida
Em garrafas lançadas desde as margens
Para que alguém me viesse resgatar
De mim mesma para conhecer a vida,
Verdadeira, pois lá fora... e além-mar!
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