Não me verei envelhecida no cristal
De um espelho cruel ou lisonjeiro,
As faces consumidas por inteiro
Ou com leve rubor, mas desigual,
Manchada pelo tempo ou derretida
Como cera de uma derradeira vela
A mal tremeluzir-me estarrecida,
Vendo a vida já passada na janela
Como vulto patético de outrora,
Um pensamento, um sonho desmentido
Ou que somente chegou fora de hora.
Não, não me verei senão assim:
Jovem para sempre, o prometido
Pelo qual pagarei com o meu fim...
Este espaço é destinado às diversas séries de sonetos da poetisa gaúcha Alma Welt, que, mais genéricas, não se enquadrem nos outros blogs da poetisa, de séries mais específicas, como os eróticos, os metafísicos, etc. (vide lista de seus blogs)
domingo, 24 de abril de 2011
sábado, 23 de abril de 2011
O Tempo das Cegonhas (de Alma Welt)
Agradecida às vezes me dou conta
Do imenso privilégio da Poesia,
Da dádiva de estar tão cedo pronta
Para contar tudo o que eu vivia
E fazer do soneto o meu Diário
Sabendo que cada santo dia
Era único e extraordinário
Mormente pelo modo que eu sentia
A vida qual mistério irrevelado
Com surpresas como chuva de granizo
A tamborilar no meu telhado...
E que percalços, dores e vergonhas
Seriam sempre entremeados pelo riso
Como eram no tempo das cegonhas...
(sem data)
Do imenso privilégio da Poesia,
Da dádiva de estar tão cedo pronta
Para contar tudo o que eu vivia
E fazer do soneto o meu Diário
Sabendo que cada santo dia
Era único e extraordinário
Mormente pelo modo que eu sentia
A vida qual mistério irrevelado
Com surpresas como chuva de granizo
A tamborilar no meu telhado...
E que percalços, dores e vergonhas
Seriam sempre entremeados pelo riso
Como eram no tempo das cegonhas...
(sem data)
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