Alma e o Anjo - óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 2014, 100x100cm
Alma e o Anjo (de Alma Welt)
Um anjo apareceu na minha árvore
Com tocha flamejante, desabando
E pondo-me branca como o mármore,
Com o dedo em riste me apontando.
Pasma então desconfiei de sua fé
Pois não o acompanhava um querubim
Mas um duende que estava ali ao pé *
Enquanto o anjo se dirigia a mim:
- “A ti mesma, Alma gentil, não punirei
Por teres devorado o sábio fruto
Que é fatal prerrogativa de meu rei”;
“Não foste a cruel Lilith, nem Eva...
Anima, não alma em estado bruto,
És de toda solidão a mais primeva!” *
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Notas:
* Pois não o acompanhava um querubim
Mas um duende que estava ali ao pé " - O fato do anjo não estar acompanhado de um querubim, mas de um duende, e portar uma tocha, não uma espada, nos remete à idéia do anjo rebelde, Lucifer (que significa portador da Luz), tanto mais que ele se refere ao seu "rei", não a Deus
* "És de toda solidão a mais primeva” - Era de se esperar que o anjo dissesse: "És de toda Criação, a mais primeva!" Mas dizendo "solidão", o anjo (ou a Alma) levanta uma curiosa questão poético-metafísica...
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