(dos Sonetos Pampianos da Alma)
Um peão aqui da estância foi picado
Por viúva negra, o pobrezinho!
Então fui visitá-lo (é meu vizinho)
E estava mal-ferido e acamado.
Mas depois de meia hora compreendi
Que ele estava era mesmo apaixonado
Pela viúva de um peão muito afamado
Que persiste morando por aqui.
Apezar de muito bela e cobiçada
Ela parece inacessível e já fatal
Pois o marido morreu de uma facada
De um outro, Antonio, o qual
Depois também tirou a própria vida,
Por conta da péssima acolhida.
Notas da editora
*Este soneto-crônica a rigor deve pertencer à série dos Pampianos da Alma, que já somam 421, mas como já estão publicados numa ordem e numerados, prefiro não mais tentar encaixar as novas descobertas para não afetar os respectivos comentários dos leitores.
Esta estória, verdadeira, da qual eu soube detalhes pela Matilde, mostra a mentalidade rígida de nossas mulheres, peonas aqui da vinha, que freqüentemente morrem para o mundo após a morte de seus maridos. O mito da viúva-negra, aqui, vai por conta do despeito dos peões pretendentes rejeitados. (Lucia Welt)
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