sábado, 10 de dezembro de 2016

Aventuras (de Alma Welt)

Quando guria no seio da família
O mundo estava longe e eu segura.
Lá fora a tempestade e a vida dura
Ecos que chegavam à minha "ilha".

Qual Circe numa eterna primavera *
Eu viveria feliz como uma ninfa
Se não fosse um tal timbre de espera
De um herói que me injetasse nova linfa.

Mas Rodo, irmãozinho aventureiro
Ansiava "lançar sortes à ventura" *
E partir pra conhecer o mundo inteiro

Enquanto eu mergulhava em outras ondas,
Subindo nos balões, descendo em sondas,
Meras páginas dos livros de aventura...

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10/12/2016

Notas
*Qual Circe numa eterna primavera - na Odisseia , de Homero, Odisseu ( ou Ulisses) no seu retorno da guerra de Troia aporta na ilha da ninfa Circe (ou Calypso), onde nada envelhecia, nada morria, e era uma eterna primavera, o que acaba entediando o herói, que ansiando fugir dali, após muitos anos consegue escapar ao sortilégio da ninfa apaixonada, que para retê-lo acena para ele com a imortalidade dos deuses, que ele, corajosamente recusa: " Quero ser um homem, entre os homens"...

* Ansiava "lançar sortes à ventura" - alusão ao verso do poema anônimo do século XVI, "Nau Catarineta", que está na raiz do cordel nordestino brasileiro: "Lançam sortes à ventura / qual se havia de matar/ logo foi cair a sorte no capitão general...

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