quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Testamento (de Alma Welt)

Poente - óleo s/ tela de Guilherme de Faria
 
 
Testamento (de Alma Welt) 

Por aqui os tais bons tempos já passaram
E contemplo agora a decadência;

Amei, escrevi livros e me amaram
E tudo isso foi feito com ardência.

Uma parte das horas foi de espera,
Que esta sempre foi a humana sina;
Jamais galguei paredes como hera,
Pois fui árvore no alto da colina.

Não deixei passar em vão um só poente
Mas também não tomei Teu santo nome,
E por isso me tomaram por descrente.

Então próxima da hora mais intensa
Não diria que matei a minha fome:
Bem mais queria, Senhor, e sem ofensa.

Ariadne do Pampa (de Alma Welt)



                               Ariadne em Naxos - pintura de Evelyn de Morgan (1877) 


Ariadne do Pampa (de Alma Welt)

Estive sempre aqui à tua espera,
Minuano, minotauro do meu fado

Já que corroboro tua quimera,
Bem cedo irei contigo ao outro lado.

Somente tu quiseste a pampiana
Solitária malgrado certo encanto
Que herdei de minha mãe, a Açoriana,
Conquanto outra voz e outro canto.

Fui bela, não serei falsa modesta...
Se como prenda não casei ou procriei
É porque olhei a vida pela fresta.

No labirinto me vi por um momento,
Nesta Naxos já enrolada me deixei
E fui de mim em vela negra pelo vento...

A roupa nova do poeta (de Alma Welt)


O rei está nu - gravura em metal de Katarína Vavrová
 
A roupa nova do poeta (de Alma Welt)

Tão ambígua é a vida do poeta
A tecer para si manto invisível

Qual roupa nova daquele rei pateta
Conquanto com nudez mais aprazível.

Pelado está o rei mas é tão belo
Que o povo se comove e quer tocá-lo
Neste seu desamparo e sem castelo
Nem folha de parreira a disfarçá-lo.

Maldaram que o rei se envergonhou
E saiu com a mão na frente e outra atrás,
Que parreira não havia ou se acabou...

Mas o poeta anda nu na passarela
Como Adão que consigo a Musa traz
Recém-saída, triunfante, da costela...


Conto de fadas (de Alma Welt)

Ofélia (A Morte de Alma Welt) - óleo/tela de Guilherme de Faria, 90x130cm 
 
 
Conto de fadas (de Alma Welt) 

De solidão e desamparo sou princesa
Absoluta em dias de declínio
E vivo numa torre de incerteza
Numa história de mim, que me imagino.

Ora, direis, essa estória é conhecida!
Toda guria sonha ser Branca de Neve,
Rapunzel ou belamente adormecida
Despertar com um beijo doce e leve...

Mas não, nada de beijo, eu vos garanto,
O reino que me coube é todo plano
E o pala neste inverno é o meu manto

Mas um misto de Hamlet e Ofélia
Descreveria bem mais meu desengano,
Ou aqueles dois suspiros da camélia...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Noturno (de Alma Welt)

 
 
Noturno (de Alma Welt)
 

Só o casarão restou-me, e o vento,
Minha última vindima já acabou;
O tempo agora corre bem mais lento
Mas a minha esperança já levou...

O relógio do salão só bate as horas
Dos dois ponteiros juntos para o alto
E eu que nada espero das demoras
Já não mais me pego em sobressalto.

Tudo é passado e eu nem envelheci
Na pele e no cabelo, nem nos lábios
Que ainda evocam os vinhos e o rubi.

Eis que em busca estou de mim perdida
E me guio por estrelas e astrolábios
Só pra voltar ao meu porto de partida...



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A alternativa (de Alma Welt)



 
 Fotograma do Filme Romeu e Julieta, de 1968, de Franco Zefirelli
 
  (Romeo: "Courage, man; the hurt can not be much."
Mercutio:"No, 'tis not so deep as a well, nor so wide as a church-door; but it's enough, 'twill serve: ask for me to-morrow, and you shall find me a grave man. I am pepper'd, I warrant, for this world: - A plague o' both your Houses.")
(....... Romeu: O! I am fortune's fool.)...


A alternativa (de Alma Welt)


Somos da corte coringas do destino,
Como Romeu disse de si mesmo.
Na verdade disse “bobo”, o bom menino,
Matando por engano, meio a esmo.

Mas Mercutio a sangrar nos deu a chave
Desse nosso destino sobre a terra,
Dizendo que o veriam bem mais “grave” *
No tal banquete trágico, que aberra.

Eis a dupla imagem mais extrema:
O bobo e o solene catafalco
Ou a tumba, nosso derradeiro tema.

Mas prefiro do Bardo a alternativa
Que é levar a própria vida para um palco
Onde mora e permanece sempre viva...

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Nota
* grave- notável trocadilho de Mercutio,  pois a palabra "grave", ao mesmo tempo que quer dizer grave, solene, compenetrado, é também a palavra para designar "túmulo".


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Bailarina (de Alma Welt)



                                       
Bailarina - óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 1973, 130x100cm
 
Bailarina (de Alma Welt)

Quisera a bailarina por um dia
Com tudo o que este sonho implica,
Mesmo o sofrimento e agonia
Que um minuto na coxia multiplica.

Mas, ah! sua beleza sobre-humana
E esse treino aplicado da elegância;
O gesto que da própria alma emana,
E do divino a mais secreta ânsia.

Mas quão trágico afinal o teu destino,
Cisne negro, nascido pra a ribalta,
Que na vida, tão só puro desatino...

Então volto aos meus blocos e teclado
Onde posso versejar o que me falta,
Ser um pouco bailarina de meu fado...
 

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Poeta (de Alma Welt)


               
                            Em homenagem aos cem anos de Vinicius de Moraes...

O Poeta (de Alma Welt) 

Desgraçada é a sina do poeta
Mesmo quando ele não caia na bebida

Já que quase nunca é um asceta,
Por apetite extremo pela vida...

A sua atração pelo patético
E o culto secreto da derrota;
O cultivo da face sem cosmético
E da Roma do real rumo sem rota...

O poeta alardeia suas minúcias
E leva-nos com ele a deambular
Por seus truques, malícias e argúcias.

E no final nos abandona no portão,
Sua calça a lhe cair no calcanhar,
Com inocência acenando-nos a mão...

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Utopia (de Alma Welt)




 Utopia - mapa do século XVI
 
Utopia (de Alma Welt)

Aceitação do Mundo, és tão mais bela
Que as nossas Utopias sem juízo
Que criamos do nada ou da costela
Para sonharmos viver num paraíso.


Então não vedes, sonhadores de plantão,
Que estais fora já da vida que nos coube
E que temos ao alcance, assim, da mão,
Antes que o Criador mesmo nos roube?

* Vede como nasce o Universo
Na ponta de dois dedos todo dia,
E coincide como nasce cada verso...

Simplesmente estar aqui é o segredo
De uma vida quando plena de poesia.
Utopia! Terra falsa e de degredo...


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*
 "Vede como nasce o Universo
Na ponta de dois dedos todo dia,
E coincide como nasce cada verso..." ( Alma Welt)



 

sábado, 19 de outubro de 2013

Orfeu a pau * (de Alma Welt)



                                                           Orfeu e as feras - (afresco) 
 

 Orfeu a pau * (de Alma Welt)

Confesso, estou mais pro desespero,
Colocadas as coisas na balança.
As conquistas, do fracasso têm o cheiro
E Orfeu só esta fera não amansa.

A Poesia já mal serve de consolo
E nada desvela esse mistério,
O infinito bater desse monjolo
Sem nada no pilão, o solo estéril.

Deveria eu então ter tido filhos?
Estavam certas a Mutti e a Matilde?
Muito cedo descarrilei dos trilhos...

É tarde, só me resta ir em frente,
Pro céu eu vou a pau ou pouco humilde,
A Poesia é um céu indiferente...

_________________________

Nota
  * Orfeu a pau - interessante duplo sentido, uma vez que segundo a lenda Orfeu foi morto a pauladas pelas mulheres da Lídia.
 

O Vale de Lágrimas (de Alma Welt)




                           O Pranto de Alma Welt -óleo s tela, de Guilherme de Faria,
                           (2006, 80x100cm) 
 

O Vale de Lágrimas (de Alma Welt) 

Uma vez, era guria, bem me lembro
Queixei-me por sentir-me injustiçada,

Não sei porquê mas devia ser Setembro,
E eu queria, acho, só ser abraçada...

Mas minha mãe, a Mutti, a Açoriana,
Me disse com tristeza verdadeira:
“Filha, a vida nos promete e nos engana
É purgatório, inferno, como queira,”

“De um vale de lágrimas não passa,
Cada um chore as suas e se cale...
Que querias? Ser feliz, assim, de graça?”

Mãe, conseguiste, resolvi virar a mesa.
Jurei desde então, nem que me rale,
Sair sozinha desse vale da tristeza...

A vida é triste (de Alma Welt)


                                                   Festa - Pieter Bruegel, o Velho


A vida é triste (de Alma Welt)

A vida é triste, e por isso a alegria
Tem sempre o sabor do inesperado.
Algo que há muito não acontecia
E que é preciso que seja celebrado...

Façamos festa, ergamos nossas taças
No brinde pela graça desse estado
Que congrega nossas diferentes raças
Sobre a Terra, território destinado.

Todos somos um por um momento,
Eis o dom da alegria: unificar,
Que implica perdão e esquecimento.

Amanhã voltaremos a ser tristes
Mas a lembrança das palmas vai restar,
Dos abraços, dos risos e dos chistes
...

Penélope do Pampa III (de Alma Welt)




                                          Penélope- de John William Waterhouse


Penélope do Pampa III (de Alma Welt)

“Por quê não te casas”- perguntaste
Como se eu fosse quase aberração

Pois meu modo de vida faz contraste
Com as gurias do Pampa ou do sertão.

Mas resolvi responder-te com candura
Depois de pensar por um momento:
“Casamento é efêmero, não dura.
Não merece confiança, o casamento.”

Mas na verdade consegui dizer somente:
“Casamento é destino, não me coube.
Fiz da literatura minha semente.”

E vi então que, abanando tua cabeça,
Não suspeitas que neste jogo eu roube
Nem contas com que eu teça mas desteça
...

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Experimentemos (de Alma Welt)




                                          Antigo mapa do Ceilão- Taprobama

Experimentemos (de Alma Welt)

Tentemos não trocar nada em miúdos

Nem fazer as contas no final;
Não ir à guerra santa ou de Canudos
Para poder ir para casa no Natal...

Experimentemos ir além da Taprobama
Mas só se isso for dentro da alma...
Não sabemos arrumar a nossa cama
Nem consentir sobre isso, dar a palma.

Experimentemos, pois, dormir um pouco
Sobre os nossos louros e conquistas
E às trombetas fazer ouvido mouco.

E como no final dá tudo errado
Encontremos no erro novas pistas,
Pra saber onde estamos... De quê lado
?

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Inferno e Paraíso (de Alma Welt)

                           Dante e Virgílio no Inferno - ilustração de Gustave Doré
                           para A Divina Comédia

Inferno e Paraíso (de Alma Welt)

O Inferno são os outros, disse Sartre...
Mas também bem pode ser o Paraíso,.

Pois a vida contém sua contraparte
E nada é somente aquilo ou isso.

Pra tanto é preciso falsa rima
Para argumentar com alguma sedução
Como podem notar na quadra acima
Pois a tampa não se encaixa no caixão.

Pra que pisemos numa senda só de flores
É preciso fazer muita vista grossa
Para os lados do abismo e dos horrores.

Mas nisso está sabedoria ou esperteza
No melhor sentido que esta possa,
Pois malícia também sonha com a beleza...

A Ceia dos Valentes (de Alma Welt)


                                                            O Banquete - Filonov

A Ceia dos Valentes (de Alma Welt)

Aproximem-se os mais aquinhoados,
Que convido à minha mesa vos sentardes.
Não se trata de um banquete de abastados
Nem do tímido repasto dos covardes.

Aqui não se encontram os mais carentes,
Nem os tais que necessitam de consolos;
Nesta mesa só se sentam os valentes,
E que jamais nos confundam com os tolos.

Báh! Contemplem como alegres somos nós
Erguendo belos brindes à amizade
E aos amores que podem vir após...

E aos percalços passados e presentes,
Pois varamos mais de uma tempestade
Ainda que com risos delinqüentes...
 

A Entrevista (de Alma Welt)


Alma Welt ( A Entrevista Nua) - desenho de Guilherme de Faria
 
 
 
A Entrevista (de Alma Welt)

Te peço, não perguntes como vivo,
Como é a minha vida de solteira,
Ou qual é o meu processo criativo,
Se nasci no hospital ou de parteira.

Não me faças esta espécie de perguntas.
Somente escuta e deixa-me falar
Pelo fluxo da alma e mente juntas,
Que certamente só sei monologar...

Há muito abandonei todo diálogo.
Sinto muito se isto frustre a encomenda,
Já que não estava no catálogo...

Sou poeta e por isso mal respondo,
Escrevo versos, e só pra que se entenda:
Vivo nua no papel e nada escondo...

domingo, 13 de outubro de 2013

A Obra (de Alma Welt)


 
 Catavento da torre da Igreja Matriz
de São João de Lourosa, Viseu, Beira Alta, Portugal
 
 
 A Obra (de Alma Welt)
 
 
Que imenso labor é a nossa vida!
E mais se nos propomos uma obra,
O que torna nossa alma dividida
E sempre a trocar peles como cobra.

A cada obra nascemos e morremos
E passamos momentos carne-viva,
E é quando mais sentimos e sofremos
Ou nos fechamos qual frágil sensitiva...

Báh! Por certo há também os indolentes
A quem respeito um tal desprendimento,
Se forem puros, claros, inocentes,

Já que aqueles a quem basta só viver
Sem o verso, a torre, o cata-vento,
Têm a obra toda neles sem saber...
 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O lótus no jardim (de Alma Welt)


                                                  Stars - ilustração de Svetlana Valueva

O lótus no jardim (de Alma Welt)

“Nossos melhores passos deixam rastro
Como também os piores, na verdade.
  Não há nada que não fique no cadastro
De uma vida que só quer felicidade.”

“Nossas boas intenções não deixam marcas,
Somente nossos feitos são gravados,
Mas são ambos conferidos pelas Parcas
E finalmente no fuso são fadados...”

“Então pesem suas ações e intenções,
Se variam como o vento sempre muda
Ao capricho e ao sabor das estações...”

Assim dizia o mestre em meu Jardim,
Sentado em flor de lótus como um Buda
Enquanto em lótus eu pensava só em mim...
 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O Raminho (de Alma Welt




                                           pintura de John William Waterhouse

 O Raminho (de Alma Welt)

Quando as manhãs perderem o seu brilho
E a névoa for mais triste que a saudade,...

Saberei que do meu trem é o fim do trilho
E que não levou-me a nada, na verdade...

Mas a vaga consciência de derrota
Não há de envergonhar a poetisa
Que não fez das conquistas sua rota,
E da Arte foi tão só sacerdotisa...

Lírica fui, de mim minha própria musa.
Além de amor e beleza não vi nada
Mais do que poesia que em mim pulsa.

Bah! Foi tão belo o meu caminho!...
Quê importa se não caminhei na estrada
E perdi-me pra colher este raminho
...


domingo, 6 de outubro de 2013

De Modos e Águas (de Alma Welt)


                                             Metamorfose de Narciso - de Salvador Dalí

De Modos e Águas (de Alma Welt)

Sei que há muitos modos de poesia,
E nada tenho contra os bons surrealistas 
Que lançam mão de imagens nunca vistas
Que no olhar da mente nem havia.

Mas estou me fazendo de simplória...
Escolhi a rima e a voz direta
Do coração ou da mente em sua glória
Da razão ou da lógica discreta.

E, suponho, me perguntam se não canso
De expor tão claro o pensamento,
Se não temo da tradição o ranço...

“Há poetas que suas águas turvam...”
(disse o Nietzsche num belo momento)
E digo: em tais espelhos mais se curvam...
 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Nos Alpes (de Alma Welt)





                          Alma nos Alpes - óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 2009
 

Nos Alpes (de Alma Welt) 

Nos Alpes um dia me encontrei,
De minha estirpe em busca da raíz,

E nas montanhas da Bavária procurei
A razão do que sou e do que fiz.

E longe fui parar entre o castelo
E o campo dos rudes camponeses
Que cantavam manejando seu rastelo
Mas pouco diferiam de suas reses.

Então diante de uma árvore vermelha
Cercada dos corvos do passado
Onde se iniciara a minha centelha

Eu entendi afinal minha nostalgia
Sem nome, e o meu ramo bastardo,
Que me dera a dubiedade que me guia..

Nas Nuvens (de Alma Welt)




                               The Cloud - Arthur Hacker (1858-1919) Inglaterra

Nas Nuvens (de Alma Welt) 

Nas nuvens me encontrava quando jovem,
Muito bela, propensa à fantasia,

E como as nuvens brancas que se movem
Assim iniciei minha travessia.

Cercavam-me espectros, uns eleitos,
Outros de dúbia aparição e intenções.
E eu até compartilhava de seus leitos
Pois seduzida por meneios e canções...

Só não perdia minha pureza essencial,
Que esta me mantinha na brancura
Que era meu domínio e meu quintal.

Porém das nuvens cairia ao dar-me conta
De minha humanidade e minha loucura:
Então era poeta e estava pronta...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Alma Frankenstein (de Alma Welt)


Retrato de Mary Shelley por George Rothwell 1840
 
 
Alma Frankenstein (de Alma Welt)

Não seguirei o mundo em seus modismos
E as trilhas somente quando extremas,

Situadas na beira dos abismos,
Que não confio nas regras e nos lemas.

Senso comum, confesso, me é suspeito
Pelos dúbios resultados obtidos.
Por isso sigo as setas do meu peito
E não só eternos passos repetidos.

“Estás então na rota delinqüente...”
Me dizes, mas sem mostra de ansiedade,
Para que me abale ou apoquente...

Mas respondo como Frankenstein, o monstro:
“Báh! Há muito deixei toda sociedade”
E a minha alma é tudo o que demonstro...