quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Alma e o Mundo (de Alma Welt)

                                        Ana Morgado (a Açoriana), mãe da Alma, em lito de Guilherme de Faria

Alma e o Mundo (de Alma Welt)

Minha mãe, uma bela dama antiga,
Me queria de boca bem fechada,
Só cosendo e fiando, comportada,
Sem fazer marolas nem intriga...

Bem... intriga, nunca foi mesmo comigo,
Mas marolas, bah! Era o meu forte!
Tempestades a partir do meu umbigo
E uma vontade de produzir um corte...

Se pudesse minha mãe me proibia
De escrever poesia e de sofrer,
Essa coisa perigosa, pois sombria...

Mas meu anjo disse: "Vai Alma, na vida!
Não és gauche, exercita o savoir-faire,*
O mundo está em ti, que és dividida." *

21/12/2016

Notas
*Mas meu anjo disse: "Vai Alma, na vida!
Não és gauche, exercita o savoir-faire - contraposição ao famoso verso
de Carlos Drummond de Andrade: "Vai, Carlos/ ser gauche na vida..."

*O mundo está em ti, que és dividida - alusão ao próprio significado do nome da Alma, que contém uma dicotomia: "Alma do Mundo."


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