sábado, 4 de julho de 2015

Ó meus amores (de Alma Welt)


Ó meus amores, quanto vos cantei
Em tanta canção apaixonada!
Mais do que isso, eu peço, não querei,
Que já não tenho forças nem mais nada...

Estou entregue, prostrada, bah! Tomai-me!
Fazei de mim o último banquete!
Invadí minha carne, ó, abusai-me
Fazei das minhas dores ramalhete!

Desmembrai-me, cortai-me em mil pedaços,
E que eu já não possa me lembrar
Da dor de ser uma e de ter laços

Que me prendem à Terra como campa
Enquanto Ananke meu fuso faz gira
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De renascer e amar neste meu Pampa!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Quisera (de Alma Welt)


Quisera eu ter a fé de boa cristã,
Também de um índio manso, bom pagão
Antes da cruz do evangelho do canhão,
Ou talvez de um fanático do Islã...

Mas sou desconfiada, tenho dúvidas
Que me vieram, acredito, pra ficar;
Permaneço também por razões lúdicas,
De gostar tanto de mim e a vida amar.

Quê digo? Na verdade tenho medo
Da Morte, essa total desconhecida
Com esse sorriso branco de arremedo.

E encolho-me à sombra, de covarde,
Como se fosse ela a própria vida,
Já que de tanto sol meu olho arde...