terça-feira, 17 de maio de 2016

A humana barca (de Alma Welt)

    Nau grega - aquarela de Guilherme de Faria, anos 80

A humana barca (de Alma Welt)

A humana barca roda e dança
E como nós gritamos, remadores,
Enquanto a barca louca não avança
Mas furada afunda entre clamores!

Toda nau é heroica e insensata
E sua vocação é o naufrágio
Pois ao deus dos mares desacata
E em terra se prolonga como um ágio.

Mas se estamos fadados ao desastre
Pior restar na praia preguiçosa
Se a calmaria o ímpeto nos castre...

Não temos pois escolha: alçar velas,
Negras velas na partida temerosa
E também no retorno, a salvo, delas...*

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17/05/ 2016

Nota
*Negras na partida temerosa
E também no retorno, a salvo, delas - alusão Ao episódio da saga de Teseu, em que seu pai, o rei Egeu, proveu a nau de seu filho de velas negras para partir para Creta afim de libertar os jovens de Atenas, que todos os anos eram enviados ao Labirinto do rei Minos para alimentar o Minotauro, como tributo da guerra vencida por Creta sobre os atenienses. Como recomendação de seu pai, Teseu se saísse vencedor deveria trocar as velas por brancas. Teseu se esqueceu disso no retorno e não as trocou. Seu pai que todos os dias ficava no alto de um penhasco olhando o horizonte aguardando ansioso a o retorno de seu filho, quando avistou velas negras, julgou seu filho derrotado e morto e se atirou a mar, que passou a se chamar Mar Egeu, em sua honra..





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