terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Tremeluzente (de Alma Welt)

Eis-me a pensar o mundo aqui e agora.
Quê mais podeis querer desta donzela?
Às vezes penso só em ir-me embora
Levando acesa, comigo, minha vela...

Ora, Alma- direis- és pretenciosa!
Quanto pode até um candelabro?
Nem mesmo os de Pessoa, aqueles, "glabros", *
Acompanham a fama que ele goza...

Sei que um poeta só não faz verão,
E não pode clarear tempos de trevas.
É necessário enorme batalhão...

Mas faísca ou pavio tremeluzente,
Se contigo a escuridão não levas,
Um passo te permite, e só pra frente...
.
19/01/2021

Nota
*Nem mesmo os de Pessoa, aqueles, "glabros"- 
No Poema A Hora Absurda, de Fernando Pessoa tem um curioso verso:
"A doida partiu todos os candelabros glabros"... 
"Glabros" significa "sem pelos", um toque surrealista criado pela tentação da rima rara, e copiado (como menção) pelo nosso grande Jorge de Lima.

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