sábado, 25 de junho de 2016

O rosto do mundo (de Alma Welt)





                  Perfil de Alma Welt - litografia de Guilherme de Faria

O rosto do mundo (de Alma Welt)

Procurei o mundo inteiro nos meus versos,
Pouco nele mesmo ao vivo, em cores,
Sabendo dentro em mim os universos
Sem descartar-me alguns de seus horrores.

Quanta descoberta e alguns conflitos!
Saga imensa já inscrita no meu peito;
Queda, às vezes, no Vale dos Aflitos,
Subidas súbitas, a meu próprio despeito...

Mas nada lamento do percurso
Que tenho feito menos pela escolha
Que um belo rio tem do próprio curso...

E no final, espero, sem desgosto,
Como disse Borges, nessa folha
Desenhado reverei meu próprio rosto....

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25/06/2016


Nota
"Um homem se propõe a tarefa de desenhar o mundo. Ao longo dos anos, povoa um espaço com imagens de províncias, de reinos, de moradas, de instrumentos, de astros, de cavalos e de pessoas. Pouco antes de morrer, descobre que esse paciente labirinto de linhas traça a imagem de seu próprio rosto."

BORGES, Jorge Luis. O fazedor. In: Obras completas (volume II).


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