terça-feira, 14 de junho de 2016

O Ninho e o Devir (de Alma Welt)

                                 Alma no Pampa- óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 30x40cm

O Ninho e o Devir (de Alma Welt)

Num certo dia acordei e vi o mundo
Como se apresenta em seu cinismo,
Em violência e interesse imundo
Em nome do comum e do civismo.

E disse: "Pai, não é isto que me deste
Ao me apresentar esta planície
Onde bate o gelado vento oeste *
Mas puro, sem maldade e imundície."

E o velho respondeu: "Eis o segredo,
De chegar audaz na vida e persistir
Pois o ninho é que perpetua o medo."

"O Paraíso foi perdido bem lá atrás
Mas a nós foi dado o tempo do devir *
Que toma a forma que a nossa mente faz..."

.
14/06/2016

Notas :

" vento oeste - o Minuano, vento gelado que sopra no pampa, do Pacífico para o leste.

*devir - termo filosófico, equivalente ao "dasein" alemão, que pode ser traduzido como "o vir a ser", impulso de transformação do espírito que se opõe ao conceito fatalista de destino...

Nenhum comentário: