sábado, 19 de outubro de 2013

Orfeu a pau * (de Alma Welt)



                                                           Orfeu e as feras - (afresco) 
 

 Orfeu a pau * (de Alma Welt)

Confesso, estou mais pro desespero,
Colocadas as coisas na balança.
As conquistas, do fracasso têm o cheiro
E Orfeu só esta fera não amansa.

A Poesia já mal serve de consolo
E nada desvela esse mistério,
O infinito bater desse monjolo
Sem nada no pilão, o solo estéril.

Deveria eu então ter tido filhos?
Estavam certas a Mutti e a Matilde?
Muito cedo descarrilei dos trilhos...

É tarde, só me resta ir em frente,
Pro céu eu vou a pau ou pouco humilde,
A Poesia é um céu indiferente...

_________________________

Nota
  * Orfeu a pau - interessante duplo sentido, uma vez que segundo a lenda Orfeu foi morto a pauladas pelas mulheres da Lídia.
 

Nenhum comentário: