quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A Salamandra (de Alma Welt)

A solidão para todos nós aumenta,
E nada pode revertê-la, não adianta...
No entanto ela os sonhos nos fomenta
E começámos a sonhar depois da janta.

Serões... Báh! Não mais existem os serões
Com o pai e a família reunida
A lembrar jogadas de peões
No tabuleiro imaginário que é a vida...

Como Cellini a salamandra eu vi *
Pequeno lagarto sobre a chama
Na lareira, e depois na minha cama...

Mas foi a do Jarau, que me encantou,
E os tesouros do tal Cerro revivi,
Que esta noite minha alma os visitou...

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10/12/2020

Notas
*Como Cellini a salamandra eu vi-
Na sua célebre autobiografia, o escultor ourives e escritor florentino renascentista, Benvenuto Cellini (Florença, 3 de novembro de 1500 – Florença, 13 de fevereiro de 1571), começa contando como num serão silencioso, após a ceia, seu pai, de repente aponta a lareira acesa e exclama: "Olhe! Olhe, meu filho!" Cellini, menino, olhou e viu nas na lareira um pequeno lagarto de aspecto vítreo, brincando nas chamas. Seu pai então disse: "Olhe bem, meu filho, essa é a Salamandra! A poucos homens é dado ver isto..."

*Mas foi a do Jarau, que me encantou,
E os tesouros do tal Cerro revivi -
Alma se refere à famosa lenda A Salamanca (salamandra) do Jarau . O Cerro do Jarau fica no extremo sul do pampa gaúcho riograndense. Esta lenda popular gaúcha ficou célebre na versão escrita por Simões Lopes Neto (1865 – 1916).

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