sexta-feira, 20 de junho de 2014

A Calafate (de Alma Welt)


                           Barco na Tempestade - óleo s/ tela de Guilherme de Faria, 2001, 20x20cm
 
A Calafate (de Alma Welt)

Guria eu tinha tudo pra dar certo:
Beleza, inteligência e coração;
Tinha caráter e um olhar esperto,
“Tenía angel” e poesia por condão.

Quem diria eu dar com os burros n’água!
Embora ouvisse minha avó Frida dizer
Que “poesia boa é a que tem mágoa”,
Eu não tinha bons motivos pra sofrer...

Báh! A vida sempre dói, é nossa sina,
E o fracasso vigia os nossos passos
Como agourenta ave de rapina...

Mas agora que a maré sobe e inunda,
Sou a calafate que enche espaços,
Enquanto o meu pobre barco afunda...

Nenhum comentário: